As Moedas Digitais de Banco Central (CBDCs) estão rapidamente ganhando atenção ao redor do mundo, e entender o que são e como funcionam é crucial para quem deseja se manter à frente no cenário financeiro global.
Se você ainda não está familiarizado com esse conceito, pode estar perdendo uma das maiores inovações do setor monetário das últimas décadas.
Em um momento onde as criptomoedas ganham destaque, as moedas digitais estatais surgem como uma alternativa centralizada.
O objetivo? Modernizar os sistemas de pagamento, promover a inclusão financeira e fornecer maior controle ao governo sobre a economia digital.
Neste guia, vamos te explicar tudo o que você precisa saber sobre a CBDC no Brasil e no mundo, suas implicações no mercado e o que esperar para o futuro dessas moedas digitais.
O que são as CBDCs e como funcionam?
As CBDCs são versões digitais da moeda fiduciária de um país, emitidas e controladas por sua autoridade monetária.
Diferente das criptomoedas descentralizadas, como o Bitcoin, as moedas digitais estatais são centralizadas, ou seja, seu valor e oferta são regulados diretamente pelo governo.
Elas funcionam com a mesma lógica das moedas tradicionais, mas em formato digital, facilitando transações rápidas e seguras.
Sua implementação busca melhorar a eficiência dos sistemas financeiros, reduzir custos operacionais e combater a informalidade econômica.
O Atlantic Council, instituição de pesquisa não-governamental no campo das relações internacionais, traz dados interessantes sobre essas moedas digitais:
Bahamas, Jamaica e Nigéria foram os três países a lançar uma moeda digital estatal completa, com foco em expandir sua adoção;
134 países e uniões monetárias estão explorando a implementação desta moeda digital, sendo que 66 países estão em estágios avançados (desenvolvimento, piloto ou lançamento);
Todos os países do G20 estão explorando uma moeda digital estatal, com 19 em estágios avançados, e 13 já em fase piloto, incluindo Brasil, Japão, Índia, Austrália, Rússia e Turquia.
Qual a diferença entre CBDC e criptomoedas?
A principal diferença entre CBDCs e criptomoedas é que as moedas digitais estatais são emitidas por uma autoridade central, como um governo ou banco central, enquanto as criptomoedas, como o Bitcoin, são descentralizadas e operam sem controle governamental.
Essas moedas estatais têm o respaldo de um banco central, o que garante maior estabilidade, enquanto as criptomoedas dependem da oferta e demanda do mercado, o que pode gerar alta volatilidade.
Além disso, enquanto as criptomoedas podem ser usadas globalmente sem intermediários, as moedas estatais operam no território de uma nação específica, muitas vezes com regulamentações mais rigorosas.
Em resumo, de um lado temos a busca por maior segurança e controle sobre a economia, e do outro o favorecimento à liberdade e à descentralização.
Exemplos de CBDCs no mundo
Diversos países estão implementando ou testando suas próprias moedas digitais de Banco Central. Esses exemplos variam em termos de objetivos, funcionamento e impacto.
Vamos explorar alguns desses casos e entender como eles estão moldando o futuro das finanças globais.
Drex (Brasil)
O Drex é a CBDC do Brasil, que será integrada ao sistema financeiro do país.
Substituindo o real digital, o Drex visa aumentar a eficiência das transações, melhorar a inclusão financeira e integrar-se ao Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Brasil.
Embora o Pix já facilite transferências rápidas e seguras, o CBDC Drex representa uma evolução, com mais controle governamental sobre a moeda digital.
Ele será projetado para oferecer benefícios de transação mais rápidos e custos menores, se comparado com métodos tradicionais.

Imagem: Banco Central do Brasil
Yuan digital (China)
O Yuan digital, também conhecido como e-CNY, é a moeda digital da China e é uma das mais avançadas em termos de desenvolvimento.
Lançado como parte de uma estratégia para modernizar o sistema financeiro do país, o e-CNY oferece transações rápidas e eficientes, com o apoio do governo chinês.
Seu uso tem sido amplamente promovido nas principais cidades, com o objetivo de impulsionar o consumo doméstico, reduzir o uso de dinheiro físico e aumentar o controle do governo sobre o sistema financeiro.
De acordo com o Atlantic Council, o yuan digital é o maior projeto piloto de CBDC no mundo, com 7 trilhões de e-CNY transacionados em 2024, cerca de US$ 986 bilhões, em setores como educação, saúde e turismo.
Euro digital (União Europeia)
O Euro digital é a moeda em fase de estudo pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu (BCE).
Seu objetivo principal é aumentar a competitividade dos sistemas de pagamento da região, promovendo maior eficiência e acessibilidade.
O Euro digital não visa substituir o euro, mas funcionar como uma versão digital do dinheiro, facilitando as transações transfronteiriças, além de combater a concorrência de criptomoedas descentralizadas.
Sand Dollar (Bahamas)
O Sand Dollar é a moeda digital das Bahamas e foi o primeiro a ser lançado oficialmente no Caribe.
Ela tem como objetivo melhorar a inclusão financeira no arquipélago, oferecendo aos cidadãos e residentes um meio de pagamento digital acessível, mesmo em áreas mais remotas.
A moeda facilita transações rápidas e de baixo custo, com o suporte do governo das Bahamas.
Sua implementação já está em andamento, e a expectativa é de que continue expandindo sua adoção.
Benefícios das CBDCs
As moedas digitais estatais oferecem uma série de benefícios em comparação com os métodos tradicionais de pagamento e até mesmo com as criptomoedas descentralizadas.
Entre as principais vantagens estão:
Inclusão financeira: essas moedas viabilizam o acesso a serviços financeiros por uma população não bancarizada, um desafio em muitas regiões;
Segurança: como são controladas pelos governos, elas oferecem uma camada adicional de proteção contra fraudes, sendo mais confiáveis do que as criptomoedas descentralizadas. Isso garante que os usuários possam realizar transações com maior segurança e confiança;
Redução da informalidade: ao promover uma maior transparência nas transações, essas moedas ajudam a formalizar a economia, combatendo a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro. Isso também cria um ambiente mais propício para a coleta de impostos, melhorando a arrecadação pública;
Maior controle sobre a economia: os governos podem monitorar a oferta monetária e a atividade financeira com mais precisão. Isso possibilita uma resposta mais rápida a mudanças econômicas e crises financeiras, além de permitir um controle mais eficiente sobre a inflação e a política monetária;
Eficiência em transações: as transações realizadas são mais rápidas e com custos significativamente mais baixos quando comparadas aos métodos tradicionais de pagamento, como transferências bancárias. Além disso, as taxas de câmbio podem ser mais transparentes e competitivas, aumentando a acessibilidade.
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Desafios das CBDCs em comparação com criptomoedas

Embora ofereçam diversos benefícios, essas moedas também enfrentam desafios consideráveis em relação às criptomoedas descentralizadas.
Uma das questões sensíveis é a segurança e a privacidade, um dos motivos do atraso de parte do piloto do Drex.
Como destaca Aristides Cavalcante, chefe do Escritório de Segurança Cibernética e Inovação Tecnológica do Banco Central, um dos principais desafios do Drex é escolher a tecnologia de segurança da DLT (plataforma de registro distribuído).
Ela precisa estar alinhada às exigências da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e garantir que as transações respeitem essas normas.
E esse problema não é só do Brasil. É uma questão global balancear a segurança e o registro das transações, ao mesmo tempo em que se oferece controle individual sobre quais dados podem ser compartilhados.
A seguir, temos outros principais desafios enfrentados pelas moedas digitais estatais:
Controle centralizado e privacidade: as moedas digitais estatais exigem que as transações sejam rastreáveis por governos, levantando preocupações com a privacidade individual e o risco de vigilância em massa;
Regulamentação e compliance: a implementação das moedas estatais envolve desafios significativos de regulamentação, já que os países precisam estabelecer políticas para garantir a segurança, a legalidade e a transparência nas transações. Isso inclui a criação de mecanismos adequados para combater fraudes e lavagem de dinheiro;
Adoção global: as moedas digitais de Banco Central podem não ter a mesma adoção global das criptomoedas descentralizadas. Enquanto as criptomoedas são aceitas internacionalmente, as moedas estatais dependem de decisões políticas nacionais e podem ser limitadas à jurisdição dos países que as emitem, dificultando sua aceitação em um mercado global.
Esses desafios fazem com que a implementação da CBDC no mundo seja um processo complexo e delicado, exigindo um equilíbrio entre inovação financeira e segurança.
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O que podemos esperar das CBDCs para os próximos anos?
O futuro das moedas digitais de Banco Central parece promissor, com vários países já testando e implementando suas próprias versões das moedas fiduciárias.
Para se ter uma ideia, 134 países e uniões monetárias estão explorando a implementação de uma moeda digital própria, representando 98% do PIB global. Em maio de 2020, esse número era de 35 países.
Neste mesmo sentido, espera-se que, nos próximos anos, a adoção dessas moedas aumente significativamente, especialmente à medida que os governos buscam modernizar seus sistemas financeiros e aumentar o controle sobre suas economias.
No Brasil, a implementação da CBDC Drex representa um passo importante nesse sentido, e outras nações, como os Estados Unidos e a União Europeia, também estão investigando as possibilidades de suas próprias moedas digitais.
Já no mercado de capitais, um impacto potencial é a redefinição dos papéis dos agentes, com a redução da intermediação. André Perfeito, economista, em entrevista ao Estadão, explica:
"Atualmente, para um investidor comprar um título público, ele precisa abrir uma conta em uma corretora, que faz a compra em nome dele. Com um título tokenizado, a dinâmica muda: eu posso estar em um churrasco e decidir comprar de um investidor que já possui esses títulos. A propriedade do título passa para mim imediatamente, enquanto ele recebe o equivalente em Drex pelo valor pago".
Com a crescente adoção das CBDCs e a transformação do sistema financeiro global, fica claro que o futuro das transações digitais será profundamente moldado pelas moedas estatais.
O impacto das CBDCs: as oportunidades criadas pelas moedas estatais
As CBDCs representam uma revolução no sistema financeiro global, com o potencial de redefinir a forma como as transações são realizadas.
Com países como o Brasil, a China e a União Europeia adotando suas próprias moedas digitais, o cenário financeiro está em constante evolução.
Elas oferecem mais controle, maior segurança e a possibilidade de inclusão financeira para uma gama mais ampla de pessoas.
Dessa forma, o impacto dessas moedas será imenso, não apenas no mercado financeiro, mas também em como as economias globais operam de forma mais integrada no digital.
À medida que governos e instituições financeiras exploram as oportunidades das moedas digitais estatais, o impacto no mercado de criptomoedas será cada vez mais significativo.
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